Moradores denunciam frigorífico por causar poluição no rio Salgadinho, em Juazeiro do Norte
Moradores denunciam poluição no rio Salgadinho no Cariri Moradores da localidade de Sítio São José, em Juazeiro do Norte, denunciam que resíduos industria...

Moradores denunciam poluição no rio Salgadinho no Cariri Moradores da localidade de Sítio São José, em Juazeiro do Norte, denunciam que resíduos industriais estão sendo despejados no leito do rio Salgadinho. Atualmente, a água do rio está avermelhada, espessa e com uma aparência de lamaçal no ponto que fica no limite com o município do Crato. "Nós todos acreditamos que são os dejetos do frigorífico municipal de Juazeiro do Norte, que não tem estação de tratamento de água e esgoto. Então, tudo que é cabelo, sangue, a lavagem de intestino de boi, essa coisa toda eles jogam in natura para dentro do rio. Isso aqui era cheio de vida. E agora você não vê mais nada", diz o professor da URCA Álamo Saraiva, que se lembra de quando tomava banho no Salgadinho. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp Peixes e pássaros, realmente, não são vistos nessa área. Além da sujeira, outra evidência da poluição é o odor, que é forte e prejudica a qualidade de vida de quem mora no local. "Já vi cabeça de gado, casco, tudo aí dentro do rio. É uma coisa horrível. A gente se sente mal. Durante a noite, quando o odor sobe, entra em casa, tem que ligar o ventilador para poder suportar", afirma a agricultora Maria Auxiliadora. A moradora mostra as pernas manchadas e diz que é resultado do contato com a lama quando precisa atravessar o rio usando uma ponte improvisada. O problema já tinha sido denunciado há 25 anos numa reportagem feita pela TV Verdes Mares. Era o ano 2000, e os moradores reclamavam da situação do rio Salgadinho, que desde então piorou. "Desde quando viemos para cá, dizem que vão limpar, mas nunca limpam", afirma a agricultora Cícera Augusta. LEIA TAMBÉM: Casa no interior do Ceará é evacuada após agrotóxico altamente nocivo ser encontrado no telhado da residência Obra de duplicação do Anel Viário se arrasta há 15 anos e ganha novo prazo, na Grande Fortaleza Os moradores cobram fiscalização da Prefeitura, do Governo do Estado e do Ministério Público. "Não entendo como os órgãos responsáveis deixam uma coisa se arrastar por tanto tempo para ficar nessas condições. É pela natureza, pela vida, pelo que nós temos de mais importante, que é o que nos cerca", afirma o professor Álamo. Rio Salgadinho, em Juazeiro do Norte, apresenta sinais de poluição. Filipe Guimarães/TV Verdes Mares Cariri Respostas Por meio de nota, a gerência afirmou que o Frigorífico Industrial do Cariri tem compromisso com o meio ambiente e, diante disso, tem uma graxaria, onde trata todo o lixo produzido, dando destino legal, recebendo recentemente uma certificação federal. Já a Autarquia Municipal do Meio Ambiente de Juazeiro do Norte (Amaju) informa que está ciente das novas denúncias sobre o descarte irregular de resíduos no rio Salgadinho, envolvendo o Frigorífico Industrial da cidade. No início do ano, o mesmo frigorífico já havia sido fiscalizado e, na ocasião, foi multado em R$ 15.000,00 por irregularidades ambientais. Diante das novas denúncias, a equipe de fiscalização da Amaju retornará ao local para apurar a situação. Sendo confirmadas as novas infrações, outras medidas serão tomadas, incluindo novas multas, possíveis interdições e encaminhamentos ao Ministério Público. A Amaju reforça o compromisso com o meio ambiente e se coloca à disposição para novas informações. Investigação do Ministério Público O Ministério Público do Estado do Ceará, por meio da 9ª Promotoria de Justiça de Juazeiro do Norte, informa que instaurou um inquérito civil público para investigar suposto lançamento irregular de resíduos líquidos e sólidos pelo Frigorífico Industrial do Cariri. A denúncia aponta suposta contaminação do Rio Salgadinho e poluição na área externa do estabelecimento. Inicialmente, diligências conduzidas pela Promotoria indicam que o frigorífico não está conectado à rede de esgoto sanitário, possui estação de tratamento própria e realiza descarte de efluentes no Rio Batateiras. Considerando o interesse público e a possibilidade de risco à saúde coletiva e violação à legislação ambiental, o MP do Ceará vai realizar audiência extrajudicial para tratar do caso. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) informa que o estabelecimento citado possui licença ambiental emitida pelo ente municipal. Em regra, o processo de licenciamento, conforme a legislação vigente, deve exigir a destinação adequada dos resíduos e efluentes gerados por qualquer atividade. O descumprimento dessa obrigação configura infração ambiental, sujeita a sanções, inclusive ao embargo. Nos termos da Lei Complementar nº 140/2011, a fiscalização ambiental é competência comum dos entes federativos, cabendo prioridade ao órgão responsável pelo licenciamento. Por isso, a Semace entrou em contato com o órgão municipal para averiguar as providências já adotadas e eventual necessidade de atuação supletiva. Considerando a gravidade das informações, a Semace enviará equipe de fiscalização ao local para apuração. Ressalta-se que, até o momento, não houve denúncia formal sobre a possível infração. Caso sejam confirmadas irregularidades, serão aplicadas as medidas previstas em lei, diz o órgão. A Semace reforça que o cumprimento da legislação ambiental é condição indispensável para a manutenção de qualquer atividade, efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará